Natureza - Gastronomia - Cultura - Patrimônio

Turismo é um dos principais setores de proveito para a economia de uma região. Desprezar qualquer um desses recursos listados acima é ignorar a realidade de países como: Portugal, Espanha, Itália, França, Japão, Reino Unido, EUA, Canadá, Suíça, Alemanha, Áustria e tantos outros, cujo setor do turismo contribui significativamente para a composição do PIB. Portugal, por exemplo, segundo relatório do World Travel & Tourism Council (WTTC) de 2018, obteve do setor do turismo 19,1% de participação na produção de suas riquezas, ficando na 5a posição do ranking mundial. Segundo o mesmo relatório, depois de Grécia e Portugal, os países europeus onde o turismo tem mais peso no PIB são Áustria, com 15,4%, Espanha, com 14,6%, Itália, com 13,2%, Turquia com 12,1%, e Reino Unido, com 11%, todos acima da média da União Europeia, que é de 10,1%.

O Projeto Circuitos da Serra traz para a região serrana do Rio de Janeiro a possibilidade de explorar o vasto potencial turístico dos municípios que formam as mesorregiões do RJ, em especial a região Centro Fluminense, que se interliga com outras regiões turísticas, através de ampla rede de rodovias e estradas vicinais que cortam a região serrana. Moto turismo será a atividade explorada inicialmente no decorrer deste projeto. No desdobramento natural do nosso trabalho outras atividades similares como, por exemplo: ciclismo de estradas, trekking, camping serão objetos de nossa atenção.

A médio e longo prazo é objetivo deste projeto fortalecer essas atividades e estimular novos empreendimentos no setor.

Os caminhos que ligam os povos e suas localidades foram surgindo e se renovando ao longo do tempo, segundo a historiografia de cada região. A História dos municípios da região serrana do RJ é fruto de inúmeros desdobramentos cujo início data do século 18, do Brasil colonial e as riquezas das Minas Gerais.

Se olharmos o mapa da Província do Rio de Janeiro, datado de 1767, de Vieyra Leão, iremos notar um imenso vazio sobre a região serrana, onde só se lê: Região povoada por nações de índios brabios. Nada melhor do que um pouco de terror para afastar os contrabandistas de ouro que por aqui passavam, em direção ao Rio de Janeiro, fugindo dos pagamentos de impostos devidos aos cofres reais. Contudo, muito pouco adiantou a advertência e na virada do século esta região já era conhecida pelo título: Região das Minas de Canta Gallo. Por longo período reinou sozinha a Vila de São Pedro de Canta Gallo, dona desse um imenso território. Se havia fartura do precioso metal amarelo, não há registros oficiais. Sabemos, entretanto, que o Sr. Manoel Henriques, vulgo Mão de Luva, por ali ficou bateando um córrego e outro até ser preso, julgado e condenado pelos tribunais da inquisição. E para garantir que o réu se livrasse através de uma pena mais modesta, Mão de Luva foi condenado por heresia, ao carregar no peito uma medalha do seu santinho padroeiro e protetor, não consagrada pelos senhores da fé. Teve os bens confiscados e foi degredado, para a África onde faleceu.

Já por esses tempos a região era cortada por caminhos que varavam as serras que compõe o complexo da Serra dos Órgãos: Serra da Boa Vista, Serra das Araras, Serra do Taquaruçu, Serra de São Sebastião, Serra de Macaé, Serra do Paquequer e outras. Mais adiante, no período do café outras trilhas se somaram, feitas pelos escravos fugitivos, que se embrenhavam mata adentro em busca de refúgio. Muitos desses caminhos viraram estradas e foram interligando vilas e cidades na medida em que iam se emancipando do município de Cantagalo.

Alguns desses circuitos serão melhor abordados historicamente mais adiante, por possuírem farto conteúdo documental disponível para pesquisa. Outros nem tanto, o que não impede que na sequência dos trabalhos seja possível reunir documentação a respeito.